“Eu não me considero um roteirista. Eu me considero um diretor que escreve os seus próprios roteiros”. Assim que Paulo Biscaia Filho define seus roteiros de teatro, cinema e quadrinhos. Paulo é diretor e roteirista que escreve sobre a ótica da verdade, segundo ele mesmo diz “... é a forma como eu vejo o mundo, mesmo que você não queira. Eu procuro não mentir, se é abstrato, desconstruído é assim que vejo”.
A história de Biscaia é curiosa. Professor de Cinema e Teatro da Faculdade de Artes do Paraná acabou desviando o caminho para o teatro, pois sempre desejou fazer mesmo cinema. Em 1999, comprou uma câmera digital e um computador que pudesse editar e, começou a fazer experimentações caseiras. Entretanto não foram as primeiras incursões dele na grande tela, “já fiz alguns vídeos publicitários, alguns foram premiados, curtas e outras produções e acabei encontrando um lugar bem bacana entre o teatro e o cinema”.
Ele ficou quatro anos sem produzir nada para o teatro. Quando apareceu um edital para produção de um longa metragem, o seu primeiro longa de 2008, intitulado Morgue Story - Sangue, Baiacu e Quadrinhos segue a estética da Vigor Mortis. Sangue, suspense e diversão. O longa envolve três personagens: Ana Argento, uma bem sucedida desenhista de história em quadrinhos; Tom, um vendedor de seguros cataléptico e Doutor Daniel Torres, um médico legista. Em Morgue Story as histórias dos personagens se cruzam de maneira insólita na trama.
Para citar a forma com a qual concebe seus roteiros Biscaia recorre à impressão que obteve Kevin Smith. Ao ver pela primeira vez Cães de Aluguel, do diretor Quentim Tarantino, Kevin em tom de abismo exclamou “ah! Isso pode, eu posso falar disso, tá liberado então”. A partir dessa visão Biscaia encara a liberdade de criação como uma ampla proposta para a escrita e interpretação, “isso é o que me interessa”.
As Morgues Storys de Biscaia receberão uma versão para quadrinhos com novas histórias para os seus personagens. A revista conta histórias que antecedem a peça de teatro. O convite surgiu de José Aguiar e DW que já fizeram alguns trabalhos com Paulo, “achei o convite muito lisonjeiro... Foi uma espécie de retorno, eles estavam entrando na minha área e eu na deles”. Ele achou o desafio divertido de transpor a linguagem de teatro para o roteiro de uma história em quadrinhos. “Quando você discute com o ator sobre o que o personagem tem além do que está escrito, o que está fora do roteiro, este além que nós procuramos explorar nos quadrinhos”.
A convergência das artes esta presente na obra de Paulo Biscaia Filho. Ele não para tem vários projetos em andamento, além da incursão audiovisual Nevermore: Três pesadelos e um delírio, baseado na obra de Edgar Allan Poe. O lançamento da peça As Algemas de Houdini, outra peça sobre a história do contista pornográfico Carlos Zefiro e para fechar a conta, a filmagem de mais um longa de nome Nervo Craniano Zero. Mostrando a elasticidade e convergência de Biscaia.
Mario Luiz
Roteirista - Coronel Claquete
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